Meu caro Colaço
Foi com grande emoção – e com uma enorme frustração por não estar presente – que vi as fotos do Padre Martinho a comemorar os 50 anos de sacerdócio na Igreja de Mação.
O Padre Martinho Lopes Lourenço, jovem acabado de ordenar foi para a uma longínqua paróquia escondida nas margens do médio Zêzere, denominada Amieira, corria o ano da graça de 1960.
Uma das primeiras acções pastorais do jovem Martinho foi, talvez aí pela Páscoa desse ano, percorrer todas as aldeias e lugarejos da freguesia. Para levar o Senhor às casas das pessoas, como então por lá se dizia.
Com os meus 10/11 anos e certamente por ser tão frequentador da escola e da catequese, fui escalado para acompanhar o Sr. Padre com uma campainha na mão e, integrado no cortejo, lá fui percorrendo estradas e veredas (mais veredas do que estradas). Timidamente ia entrando nas casas e bebericava também um ou outro copito de vinho, de licor nas casas mais abastadas, e aqui e ali um bolo, uma filhó, um pedaço de pão de ló e às vezes umas amêndoas.
Lembro-me que o Padre Martinho tinha o pé leve, corria como um desalmado. Nós, os dois ou três das campainhas, tínhamos pedalada para ele e conseguíamos acompanhá-lo. Mas o tio Aldeias, assim se chamava o homem que levava os objectos mais nobres, a saber, a Cruz e a caldeirinha da água benta, já doutro campeonato etário, via-se e desejava-se para nos acompanhar. Às vezes tínhamos que esperar por ele à entrada das casas, porque sem ele não havia a cruz e a água benta para aspergir a sala da casa onde éramos recebidos.
Pois foi nesta jornada de alguns dias que o Padre Martinho me ia fazendo os seus interrogatórios e lá concluiu, sabe Deus como, que eu poderia ter vocação. Daí até à entrada no Gavião foi um passo, foi o tempo de preparar as fronhas, os lençóis e toda a outra “palamenta” com que nos fizemos acompanhar.
Nos anos subsequentes, quando vinha de férias, tive sempre um amigo, um grande amigo, que me encarregava de algumas missões na Igreja, que me convidava muitas vezes para compartilhar uma refeição na casa dele ou para falar comigo sobre os temas mais variados.
Foi com muito gosto que uma vez ou outra reencontrei o Padre Martinho ao longo da vida e o testemunho que posso dar é o que se trata de um Homem Bom, de uma Humanidade extraordinária, de um Pastor muito zeloso dos seus rebanhos ( e já foram vários). Fui uma das pessoas que tive a sorte de, na tenra idade dos meus dez anos, ter conhecido este grande e incansável Obreiro das vinhas do Senhor, e quero aproveitar a animus para lhe fazer chegar esta enorme gratidão que nunca lhe conseguirei pagar.
Um grande abraço ao Padre Martinho Lopes Lourenço
Silvério
____________________________
NOTA
Quis deixar para último gesto do meu dia uma pequena reflexão sobre este tão eternecedor texto do Siilvério que "apanhei" quase in extremis no final da minha madrugadora tarefa de confeccionar um menu de notícias para os meus camaradas.
É uma espécie de "o que fazer com as potencialidades das novas tecnologias", nomeadamente, os telemóveis e as suas ilimitadas capacidades de recolher imagens!
No passado domingo, como habitualmente, acompanhava, ao órgão, a liturgia da Eucaristia ali celebrada, quando, dou pelo PeMartinho Lourenço, que não conhecia de lado nenhum, a explicar-nos o motivo da sua passagem.
A dado passo, interiorizei, "isto merece ser contado aos nossos amigos da animus, mas....a tocar órgão e a tirar fotografias?!Esta gentinha vai chamar-me tolo!!!
Aconteceu o pior!
Entusiasmei-me, mandei às urtigas os pudores e aí vai disto!
De repente vejo toda aquela gente, incluindo o Pe Martinho a olhar para mim!!!
Tinha-me esquecido de adiantar o tom para o "Senhor tende piedade!!!"
Meio atabalhoado, recolhi a perturbante e intrusa "máquina fotográfica" e lá recuperei do "enxovalho"!!!
Vejo agora, meu querido Silvério, que em boa hora!!!
E digo-te mais!
Na homilia, estive mesmo para fazer a reportagem um pouco mais completa, com alguns planos mais aproximados mas.... fraquejei!!!
O que quero dizer?
Que a animus é feita disto, deste "agarrar o tempo", de que me falava Lucilia Moita, grande artista plástica de Abrantes, e partilhá-lo com todos os que por aqui, ou noutros sítios, vão passando!
Percebes, agora, amigo leitor, que nos podes ajudar enviando apenas imagens cujo embrulho "literário", se quiseres, nós asseguramos, dando-nos, pelo menos, as coordenadas?!
Não me arrependo da tímida vermelhidão com que encarei a assistência da Matriz de Mação!
Em troca, ganhámos um texto de encher a alma até mais não!!!
antónio colaço
SITIOS AMIGOS
http://sabordabeira.blogspot.com
http://animo.blogs.sapo.pt
http://aaavd-armindocachada.blogspot.com
http://aaacarmelitas.blogspot.com/
http://irmaosol.blogs.sapo.pt
http://arm-smbn.blogspot.com/