SEMPRE ME INTRIGOU O PROBLEMA DO MAL Mário Pissarra revisita Santo Agostinho e deseja Boas Festas
(Foto Google)
Quando cheguei a Portalegre, em Outubro de 1966, presenciei interessado uma interessante conversa entre o Pe. Américo, pároco da Urra, e os alunos mais velhos. Informava o Pe. Américo que havia recebido uma proposta da Moraes Editores para adiantar dez contos e receberia gratuitamente os livros que viessem a ser publicados. Esta editora viria a ser uma referência para a vanguarda dos cristãos progressistas e politicamente comprometidos a seguir ao Vaticano II. Era seu impulsionador António Alçada Baptista. Fiquei fascinado com a hipótese de ter, com frequência, livros “fresquinhos”. O problema …. Não havia problema nenhum. Nem a sonhar podia pensar em tal verba. Passado pouco tempo, o dr. Marcelino Baltazar, numa disciplina cujo nome já não recordo, propôs-nos a leitura integral do livro, o Personalismo de E. Mounier, editado pela Moraes. Foi a primeira experiência de enfrentar um autor directamente nos seus textos. Experiência rica, mas dura, para quem estava habituado ao ensino de compêndio onde, antes de ter lido uma linha de Kant, já sabia que o seu idealismo transcendental era erróneo, perigoso e falso como defendia a tese 13 do livro adoptado. Os resultados da experiência, se se atender apenas às notas finais, foram calamitosos. Todavia, hoje, só a estreiteza de espírito permitiria tal avaliação.
Sempre que a bolsa o permitia, lá ia comprando livros da Moraes e quase todos me agradaram. A excepção foram dois livros de filosofia: um porque o comprei como sendo de psicologia e era um livro importante da filosofia analítica, mas que eu nem sequer me apercebi que era um livro de filosofia. O outro, uma história da filosofia em dois volumes de J-.F. Revel e, para meu grande espanto, saltava dos gregos para Descartes. Toda a filosofia medieval tinha sido suprimida.
Voltei-me a cruzar com este último autor ao ter outras obras suas: A Revolução Totalitária e Ni Marx ni Jésus. A tese central do primeiro era: a revolução vem da América (USA) e não da URSS. O último título ilustra bem o seu posicionamento quer político quer religioso. Posteriormente, li O monge e o Filósofo, um interessante diálogo entre o filósofo e um monge budista tibetano. O curioso é que o monge, Mathieu Ricard, é filho do filósofo e que tinha à sua frente uma brilhante carreira como científico (trabalhador e investigador) na área da biologia. Abandonou tudo e tornou-se monge. Tive ocasião de apresentar este livro em Abrantes aquando da sua publicação em português. Interessantíssimo. Não sei se é por ser um diálogo com o filho se foi por qualquer outra razão, Jean - François Revel tem uma abertura de espírito bem maior e um ateísmo bem mais mitigado.
Vem isto a propósito da minha incompreensão do salto da sua história da filosofia dos gregos para Descartes, fazendo de toda a Idade Média um deserto filosófico. Mais um que considera este período a Idade das Trevas, pensei para com os meus botões. Longa travessia esta, perdidos na escuridão do obscurantismo religioso até à redescoberta la luz da razão e da ciência com a aurora da modernidade. Nunca mais voltei a pensar no assunto.
Há dias, comprei A Filosofia do Mal de António Marques e quis lê-la ao mesmo tempo que O Mal, homem culpado, homem sofrido de Jerôme Porée. Sempre me intrigou o problema do mal. Decidi revisitar Santo Agostinho sobre este tema. Sempre achei que a história do pecado original, não tinha suporte bíblico e que fora uma engenhosa teoria de Santo Agostinho. A abordagem vivencial deste problema e as lutas de Agostinho contra as heresias do seu tempo ajudam a compreender a solução encontrada. O mal existe e está aí. Não pode ser negado. Deus não pode ser a causa e o responsável pelo mal. Uma natureza corrompida que consegue até contrariar a vontade, como já Paulo havia defendido, foi a solução encontrada. Antes de começar a leitura das duas obras, ambas muito recentes, em boa hora decidi revisitar Santo Agostinho.
E, foi ao tropeçar com a frase nisi credideritis, non intelligetis (se não acreditardes, não compreendereis), que se fezluz e compreendi o salto de J.-F.Revel. E não só. O que está aqui em causa, entre outras coisas, são dois problemas com que me debati inúmeras vezes: o que é a filosofia e a possibilidade de uma filosofia cristã. Não me vou debruçar sobre nenhum dos problemas.
Com Descartes inicia-se um estilo de filosofar em que metodicamente se procura demonstrar racionalmente a verdade. A verdade é um resultado que advém do uso metódico da razão. Ora o cristianismo aceita a verdade logo no início. É lhe dada pela fé, pois foi revelada por Deus. É preciso crer para que se possas compreender. Atalhando terreno, a questão é saber: a revelação pode ter lugar no pensamento estritamente filosófico. Nova descoberta: é da resposta a esta pergunta que ganha uma nova inteligibilidade a concepção da filosofia como «ancilla» da teologia.
Se seguirmos o conselho de Hans Küng na sua obra, O Cristianismo - Essência e História, em vez de história da filosofia falarmos de história do pensamento, então os pensadores marcantes da Idade Média, continuam a ser gigantes que permitem a muitos pigmeus como nós, ver mais longe.
Mário Pissarra
Com os votos de um Novo Ano com saúde e bem-estar para todos.
UM "CAVALINHO DE PAU" NO SAPATINHO E OUTRAS EVOCAÇÕES escreve Pe Escarameia
Caro Colaço,
Aqui vai a mensagem que recebi do Pe. Escarameia.
É mesmo ele!
E eu quase não estou a ver, por isso não escrevo mais. Só amanhã vou ao oftalmologista avaliar a visão a fim de me receitar lentes para perto. Ao longe, tudo bem.
Mas ao perto,,,,, não consigo quase ler.
Um grande abraço.
Manuel Pires Antunes
PS.
O Pe. Escarameia, além de se tornado um grande músico, nos nossos tempos de "meninos" era um grande actor. Só a entrada dele no palco fazia rir toda a gente. A primeira peça que no Gavião vi, foi o Zé Pacóvio. Fazia esse papel o Marques Alves. Era o máximo! Ele foi para Alcains e julgávamos que nunca mais teríamos um "actor" daquele calibre. Apareceu então o Escarameia.
Olha, se o Marques Alves era um cinco estrelas, o Escarameia era um cinco estrelas com uma roseta!
Eram interpretações extraordinárias.....
O Abel Figueira, de Monsanto, desempenhava o Cabo de Esquadra....
Enfim, muitas coisas para recordarmos.
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
Meu caro
MC Pires Antunes
Um abração, com votos de rápidas melhoras.
Junto uma mensagem que, se quiseres, podes publicar no animus.
BOM NATAL
Meus caros,
Pires Antunes, António Henriques , Colaço (que não conheço pessoalmente) e tantos, tantos outros.
Antes de mais um abraço.
Prometo e vou cumprir: de futuro, não me vou esquecer de visitar o blog "animus60" que, há muito tempo, não visitava e até, sinceramente julgava extinto.
Obrigado, Pires Antunes e António Henriques pelas vossas palavras amigas.
Peço-vos para não olharem para essa minha fotografia que vós publicastes, porque é enganosa. Essa é uma fotografia de estúdio, tratada com as modernas tecnologias que os profissionais usam e que tiram alguns anos de idade aos clientes: tiram-lhes as rugas, alisam a pele, etc. Eu estou "escangalhado" pelos anos, pelo trabalho sempre muito ativo. E agora, mais recentemente, pela "ferrugem" que apareceu em duas vértebras lombares. Isto tem sido o meu maior espinho.
O que tenho em vantagem é o cabelo que ainda não voou!.. Mas isso deve-se ao facto de viver aqui no vale do Tejo, onde os ventos fortes não se fazem sentir!.. Passam por cima!..
Gostei imenso de saber notícias vossas. Temos de nos abraçar. Já reservei o 21 de Maio, para Castelo Branco.
Ao Pires Antunes, votos de rápidas melhoras.
De ti, António Henriques, guardo também muitas recordações, com muita saudade. Ainda cultivas a veia poética? Olha que, depois de tantos anos de trabalho, faz-nos falta, mais que nunca, um "cavalinho de pau" para brincarmos. É certo que vós tendes os vossos filhos, os vossos netos e estes são o melhor "cavalinho de pau", para encher os vazios da vida.
Eu também tenho os meus brinquedos: os meus sobrinhos que vou ver, religiosamente, todas as semanas, nos domingos, ao fim do dia e a música coral a que me dediquei novamente, após a aposentação do ensino, em 2006,.
Vão dando notícias.
Um abraço, Pires Antunes, António Henriques, Colaço e para todos vós, velhos amigos, por ai espalhados, pelo mundo!...
Um Natal Feliz e Bom Ano Novo, para vós e vossos familiares
TERCEIRA ACTA DA COMISSÃO ADMINISTRATIVA DA ASSOCIAÇÃO COM VOTOS DE BOAS FESTAS DENTRO
Caro António Colaço,
Na sequência dos contactos já estabelecidos pelo António Henriques, via e-mail, com os companheiros que têm correio eletrónico, junto te envio a Ata n.º 3 e a Ficha de Inscrição de Associado, para publicação na Animus,já com a formatação adequada, com os seguintes esclarecimentos adicionais:
1. A inscrição, por qualquer das vias à escolha dos interessados (e-mail,telefone, carta, presença, ou outras) é o requisito essencial e único da condição de associado,por representar a manifestação de vontade estatutariamente válida para esse efeito.
2. Como as quotas anuais são facultativas, os associados estão sempre a tempo de as pagar, quer respeitem ao ano que estiver a decorrer, quer ao ano anterior ou aos subsequentes. Assim, o primeiro ano de quotização, se nada nos for transmitido em contrário, será respeitante ao ano de 2015, e, do pagamento, será sempre dada quitação através de impresso próprio, com indicação do ano a que respeita.
3. Dentro em breve, será indicado o NIB ou o IBAN, para pagamentos por transferência bancária.
4. A Comissão estará atenta às sujestões que forem sendo transmitidas e aos pedidos de informação ou de documentação dos associados.
5. Com vista à identificação dos nossos professores ainda VIVOS, para homenagear em C. Branco, solicita-se a melhor colaboração de todos para esse efeito, por qualquer meio.
Boas Festas e Bom Ano, com saudações associativas.
Com os cumprimentos amigos da Comissão dos Antigos Alunos dos seminários de Portalegre e Castelo Branco, informamos que pela primeira vez estamos a usar esta caixa de correio, que vai servir de meio de informação para todos os que nos deram o seu e-mail.
Anexamos a Ata n.º 3 e a Ficha de Inscrição para os que querem ser associados.
Renovamos os votos de Boas-Festas para vós e vossas famílias e agradecemos a vossa melhor atenção aos anexos.
A Comissão
Nota: Se receber o email duas vezes, desculpe. É inabilidade do operador (António Henriques)
COMISSÃO ADMINISTRATIVA DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS DOS SEMINÁRIOSDA DIOCESE DE PORTALEGRE E CASTELO BRANCO
ACTA N.º 3
Aos catorze dias do mês de dezembro do ano dois mil e quinze, reuniu a Comissão Administrativa da Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, para aprovar, após debate entre os seus membros, o programa de ação para o triénio 2015 – 2018, correspondente ao respetivo mandato, tendo concluído e deliberado o seguinte:
1.º O programa assenta nas seguintes bases gerais:
Realização de dois grandes encontros anuais, em Linda-a-Pastora, no último sábado de janeiro, na linha dos tradicionais encontros da Buraca, de há décadas, e na diocese, no terceiro sábado de maio, como também já é tradicional desde 2010, para além do habitual magusto do S. Martinho, em Lisboa, em 11 de novembro ou data próxima posterior, independentemente de outras iniciativas culturais ou recreativas que se consigam agendar;
O encontro de Linda-a-Pastora, para além do convívio, incluirá uma conferência/debate sobre temáticas julgadas de interesse, e servirá para informação e análise dos trabalhos em curso para o grande encontro diocesano e das iniciativas eventualmente existentes ou a propor;
As assembleias gerais dos grandes encontros diocesanos serão abertas a todos, homens e mulheres que desejem assistir, sem prejuízo de se continuar a manter as habituais visitas locais para quem quiser, em termos a equacionar, face ao número de participantes;
Inclusão de uma rubrica denominada “ NÓS, AGORA”, com o propósito de dar a conhecer à generalidade dos associados o que fazemos, presentemente, na atividade profissional ou no domínio da cultura (artes plásticas, literatura, música, etc..), com apresentação de trabalhos;
Criação de uma outra rubrica denominada “ OLÁ, PROFESSORES” constituída por uma brochura sobre os nossos professores, com caricaturas relativamente aos que ainda estão vivos (tipo livro de finalistas), e fotografias dos já falecidos, e temas alusivos às suas características, para apresentação e distribuição nas assembleias gerais, na diocese, sendo a primeira, de Castelo Branco, em 2016, sobre todos os nossos professores ainda vivos;
Instituição de um “FUNDO DE SOLIDARIEDADE” para podermos corresponder, na medida das nossas possibilidades, a eventuais apelos de auxílio de associados, em casos de urgência ou de necessidade comprovada e fazer face às despesas gerais da Associação.
2.º. A Comissão congratulou-se com a realização do magusto do S. Martinho, que organizou na Casa da Comarca da Sertã, no dia 21 de novembro último, com a presença de 43 convivas, tendo procedido à análise crítica da logística gastronómica e reconhecido o calor da amizade patente no encontro.
3.º Foi criada uma conta Google para contactos com os associados através do e-mail comasalpcb@gmail.com (comissão da associação de alunos de portalegre e castelo branco) estando operacional uma lista de e-mails de antigos alunos com 98 registos, já em uso, sem prejuízo do envio de cartas pelos CTT a quem não possui correio eletrónico.
4.º Foi reafirmada a importância do blogue ANIMUS como ponto privilegiado de encontro dos antigos alunos e de transmissão preferencial de notícias e comunicados da Comissão, e realçada a excelência do trabalho do António Colaço, seu editor, sem prejuízo dos contactos com outras redes sociais de difusão e comunicação.
5.º Foi aprovada a “Ficha de Inscrição de Associado”, conforme modelo em anexo, estando desde já abertas as inscrições mediante o respetivo preenchimento a enviar à Comissão por e-mail, CTT ou presencialmente, ou por indicação dos dados a qualquer elemento da Comissão, podendo a quota anual facultativa de 12,00 € (ou superior, voluntariamente) ser paga em dinheiro ou por transferência bancária para a conta cujo NIB ou IBAN será oportunamente comunicado.
6.º Para o encontro de Linda-a-Pastora (em 30 de janeiro de 2016, sábado) já foram iniciadas diligências com vista à sua preparação, sendo o programa divulgado proximamente.
7.º Relativamente ao encontro de Castelo Branco 2016, no terceiro sábado de maio, dia 21, vão ser iniciados os contactos, desde já, sendo o programa comunicado, a seu tempo.
8.º Finalmente, a Comissão expressa votos de união fraterna na celebração das festas natalícias, desejando a todos e a cada um dos antigos alunos e respetivas famílias um Santo e Feliz Natal e um Ano de 2016 repleto de felicidades e boas realizações…contando que Deus esteja connosco.
Para constar, foi lavrada a presente acta que vai ser assinada pelo presidente e pelo secretário, por delegação da Comissão.
FESTAS FELIZES DESDE A GRUTA DA PARREIRINHA DE CARNIDE
Hoje éramos cinco de vinte e cinco - Dia de Natal ! Daqui enviamos votos de Boas Festas com Feliz e Santo Natal !!! Abc.
ZVD
PS Tentei durante o dia falar com o Pires Antunes.Fazia-o ainda no leito catarático!!! Afinal, ei-lo, atacando o bife já com os novos olhos!!! Óptimo!!!! Parabéns, rapaz, pelos novos olhos!!!!
E aqui vai, "directamente" da vetusta Igreja de S.Vicente, em Abrantes, este Antonino que tanto gozo lhe proporcionou no passado Maio!!! 2 E como segunda prenda, este "artista" que, afinal só tem menos três aninhos que o meu querido amigo!!! (Sempre tive a ideia que todos os Bispos eram pequeninos, gorduchinhos e com uma vozinha igual à de D.Agostinho Moura!!!) O que os anos nos fazem quando fazemos anos!! Parabéns, Amigo D.Antonino! antónio colaço
ANTÓNIO HENRIQUES JUNTA-SE À CONVERSA SOBRE O PE ESCARAMEIA
Descobri por acaso. Mas olha que o testemunho do meu amigo Escarameia é muito rico na sua simplicidade. Aqui vai todo, mas podes publicar apenas as suas palavras sobre a ida para o Seminário. Abraços, A.Henriques
Nasceu a 26 de Julho de 1937, em São Salvador da Aramenha - Marvão, e foi ordenado padre a 8 de Julho de 1962. Começou a sua vida sacerdotal em Nisa, passando depois, em 1966, para Proença-a-Nova. Em 1967 foi nomeado pároco de Aboboreira, no concelho de Mação, e em 1973, pároco de Vila Velha de Ródão. Acumulou depois, com esta paróquia, as paróquias de Perais em 1979 e Fratel em 1986, terras de que ainda é pároco. Além do curso dos seminários diocesanos, estudou órgão clássico, canto gregoriano, tendo completado a especialidade de harmonização e regência coral, em cursos de verão, no estrageiro. Colaborou com o grande musicólogo e também regente coral, Cón. Manuel de Faria, na realização de cursos de aperfeiçoamento de regência orfeónica, no norte do país. Foi formador musical, no Seminário de Portalegre, no ano letivo de 1979/80, regente do orfeão de Proença-a-Nova, professor de órgão, numa escola particular, de Educação Moral e Religiosa Católica, Educação Musical e Informática, na Escola de Vila Velha de Ródão. "Nesta fase da vida, apetece-me olhar para traz e recordar como nasceu a minha vocação ao sacerdócio! Vindo de uma família humilde que saiu da Aramenha, para uma fazenda (quinta) perto de Marvão, recordo que, ainda criança, ao ser questionado sobre o que gostaria de ser, quando fosse "grande", respondia sempre, com ligeireza: ou padre, ou médico, ou farmacêutico. Durante a instrução primária, frequentei a catequese paroquial, dada por uma freira muito novinha - a irmã Presenta (diminutivo de Apresentação) - que me dizia muitas vezes que "ser padre é melhor que ser médico e farmacêutico". No seminário de Gavião, o 1º ano foi de adaptação. Antes do início do 2º ano, durante as férias, vem uma carta do reitor do seminário a informar o dia da entrada e o valor que cada aluno devia levar para pagar a mensalidade e os livros. Era a primeira grande deceção: - "...o nosso filho não pode continuar no seminário, porque não comportamos as despesas!... Vai trabalhar para a farmácia!... Era decisão tomada por meu pai, por isso não havia alternativa. Vi a minha mãe chorar, algumas vezes... Meus pais viviam numa fazenda à renda. Todo o fazendeiro tinha, como compromisso de honra, pagar a totalidade da renda, ao senhorio, no último dia do ano. Um dia, em finais de Setembro, cheguei atrasado à Missa. Recordo-me que levava o fato da semana, velhinho mas muito limpinho, como era habitual. Fiquei atrás, no último banco, com o meu livrinho de orações, por onde aprendi a ajudar e a responder à celebração da Missa, com o meu latim macarrónico, e eis que se aproxima um casal idoso, bem vestidos, que tinham assistido à Missa. O idoso perguntou-me como me chamava, e... sem mais, abriu-me a mão, colocou dentro um papel e retirou-se. Eu disse um obrigado muito tímido e só abri a mão momentos depois. Quando abri e vi o que era, confesso que fiquei perplexo, sem saber o que fazer. Eu era muito tímido, mas lembrei-me que devia agradecer. Corri para a porta da Igreja, para perguntar quem eram os senhores, mas já não vi ninguém. Não me recordo o que me passou pela cabeça!... Nesse dia não fui à sacristia, como era hábito, cumprimentar o sr prior que, mais tarde, referiu ter estranhado a minha ausência. Estava confuso. Tudo era muito estranho!... Uma nota que parecia um lençol!... Corri para casa, para mostrar o que me tinham dado. Não foi fácil convencer os meus pais, pois era uma nota muito "grande", dada por desconhecidos!... Meu pai temia que eu a tivesse furtado a alguém. Minha mãe, mais confiante, porque me conhecia melhor, dizia: "deixa lá, homem, pode ser que seja milagre de Nossas Senhora da Estrela, para que o nosso filho volte para o seminário! Nesse mesmo dia, meus pais levaram-me junto do sr prior, para que o caso ficasse esclarecido. Resultado: se o sr prior esteve envolvido naquela história, nunca o confessou e até negou. E nós nunca soubemos quem era o bondoso casal. Talvez minha mãe tivesse razão!... Aceito, reconhecido, as manifestações de gratidão de quem, comigo unido no afeto, na oração e no sacrifício me ajudam a agradecer a Deus e a suplicar-lhE: "Senhor, faça-se a vossa vontade".
Muitíssimo obrigado pelo encontro proporcionado através da Animus.
O Pe. Escarameia foi e é um dos grandes amigos. Foram onze anos de convívio!
Entretanto, a vida é como é. Estes meios proporcionam-nos e mostram-nos como é agradável trazer para o nosso convívio antigos alunos, sobretudo aqueles que mais de perto fizeram parte de uma vivência sã e duradoura.
Aqui vai a mensagem que lhe enviei, depois de ter lido com tanta satisfação as palavras do nosso antigo colega Pe. Escarameia, que em Vila Velha de Ródão está a gastar os anos da sua preciosa vida sacerdotal. Desejo-lhe um apostolado fecundo e para ele imploro o olhar misericordioso (estamos no Jubileu da Misericórdia) de Jesus Cristo, como tantas vezes fez na Sua passagem terrena.
Um grande abraço
Mpiresantunes
PS - Na terça, dia, 15 vou ser operado à vista esquerda, concluindo este procedimento em que me meti. Depois.... são mais 50(!) anos de boa visão. E esta hein?!
Caríssimo Escarameia!
Estou altamente (?) sensibilizado com a tua msg! Há tantos anos que não temos contacto. Mas olha que me lembro de ti bastantes vezes. E até estive para ir aí em Julho último. Já tinha tudo decidido para ficar na Estalagem que por aí existe e que não conheço. Uma nossa amiga, natural da Sarnadinha, mas que vive em Lisboa, convidou-nos para um convívio na terra natal dela. Estava todo satisfeito, pois ia fazer os possíveis para te visitar também, mas à última da hora ela teve o azar de cair num autocarro e partiu o ombro. Ficou tudo adiado...
Com a alteração do trajecto de Lisboa para Castelo Branco, também se perderam as oportunidades que antigamente existiam com a passagem de Nisa para Vila Velha e paragem na Palmira. Ainda me recordo daquele dia, fim de tarde, que entrei, jantei e, no final, tinha a conta paga! Estavas no varandim com uns amigos. Ainda te lembras? Nessa altura tínhamos pouco mais de 30 anos! Mas agora vejo a tua foto na Animus (obrigado caro Colaço por mais esta descoberta) e estás um verdadeiro jovem! Nem rugas, bem penteadinho, com o cabelo todo... grande contraste com o que eu sou... Fiquei deveras contente com esta descoberta nas redes sociais.
Aquando da tua Festa vi uma oportunidade de deslocar-me até aí. Teria muito gosto em me associar, mas não pude e já nem me lembro bem por que razão..... Agora estou à espera de nos podermos encontrar em Castelo Branco por ocasião do Encontro dos Antigos Alunos que vai haver em Maio próximo, dia 21, em Castelo Branco. Disseste que tens o tempo muito ocupado, dado a falta de padres, mas terás com certeza um bocadinho para o almoço, tendo em consideração a curta distância.
Dos nossos amigos mais chegados de que falas, tenho visto com alguma frequência alguns, mais uns do que outros. Com o António Henriques e o Pequito Cravo almoço muitas vezes. Sabes que todas as sextas feiras há almoços de antigos alunos dos seminários. Estes dois aparecem muitas vezes. Os outros também os encontro noutras circunstâncias. O Alexandre faz parte do Coro Stella Vitae. O Zé da Luz é mais raro vê-lo, porque agora vive em Mafra. Almoça muitas vezes com o Bugalho na Gulbenkian e já me juntei lá também com eles. O Antunes Dias também aparece nos nosso Encontros programados. Mas falo com ele ao telefone. O Robalo Valente já não vejo há muito tempo. Anda pela Caparica. O Leitão está para Aveiro e aparece também nos Encontros, assim como o Chamiço que vive em Évora. O Figueira isolou-se e não tem aparecido. Mas a culpa não é dele.....vive em Queluz/Monte Abraão. Do Virgílio (qual deles?) e irmão também já não me recordo. Não sei.... Vamos ficando velhos, pá!
Agora só espero por uma oportunidade para confraternizarmos que até poderá ser proximamente. Quem sabe? O Colaço já te deu o meu telefone e, portanto, se por acaso vieres a Lisboa é só dares um sinal. Terei muito gosto, acredita. As nossas histórias serão avivadas. Ainda te lembras das chouriças!..... E o paio que surripiámos ao Dr. Rodrigues, em Portalegre, e fomos comer para a torre! Deu trabalho, porque tivemos que inventar como tirar as chaves da torre, que só o Chamiço tinha e, depois, foi a maneira de sacar a outra chave, do armário, ao (já não me lembro do nome do encarregado da cozinha).....
Um grande abraço e força para as tuas actividades paroquiais. Olha que também já estive muito empenhado em colaborar na minha paróquia. O grupo coral estava por minha conta. Mas tudo acabou e tenho pena... só contado. Mas quando me "pedem" estou sempre disponível para cantar, quer o Salmo, quer até tudo o resto....
Até uma próxima oportunidade.
Manuel C. Pires Antunes
PS- Por estas bandas sou conhecido pelo Pires Antunes. O Carreiro praticamente desapareceu....só entre antigos colegas.
Peço um favor: Porque não tenho o E-mail do Manuel Carreiro Pires Antunes, agradeço ao meu amigo que lhe faça chegar esta mensagem. Obrigado e Boas Festas de Natal.
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Meu caro,
Manuel Carreiro Pires Antunes,
Só hoje, passados três anos, li o comentário que publicastes no blog "Animus" por ocasião das minhas bodas de ouro.
Tudo aconteceu por acaso, quando ao navegar na internet e ao digitar no Google, a palavra Escarameia, me apareceu o teu comentário, com as fotografias que são relíquias dos nossos saudosos tempos de jovens.
Não acreditas como fiquei sensibilizado pelas tuas palavras amigas, pela nostalgia do passado e pela saudade dos velhos amigos. Ao mesmo tempo, fiquei triste por não ter sabido desta tua mensagem, no tempo oportuno. Um obrigado sincero.
Penso muitas vezes nos amigos que nunca mais vi: em ti, no Alexandre, José da Luz, Leitão, no Figueira(Cabo de Esquadra), Robalo Valente, Virgílio e irmão (cujo nome já não recordo), Antunes Dias, António Henriques, Chamiço, Pequito, do Caniçal Fundeiro e muitos mais...
Da minha vida, nem queiras saber! Nem tudo tem sido fácil. Até 2006, dediquei-me ao ensino +3 paróquias: EMRC, Educação Musical e Informática.
Após a aposentação do ensino, em 2006, dediquei-me mais aos meus hobbys principais: música de órgão, composição e programação.
Presentemente, como os padres não têm aposentação, por aqui ando, com a minha ciática, até cair...
A nossa atividade pastoral está numa fase complicada. O clero cada vez mais reduzido, parece em vias de extinção. Há padres muito idosos com 8, 9 e 10 paróquias.
No entanto a Igreja parece viver a época do sebastianismo, à espera do D. Sebastião que venha fazer padres...
Mas, deixemos as lamúrias!
Isto aguça-me a nostalgia do passado que, em mim, é muita. Gostava de ter o dom da palavra para escrever as nossas memórias do seminário de Gavião... depois de Alcains (as chouriças na casa das hóstias)... e finalmente as de Portalegre que são muitíssimas.
Tantas peripécias que recordo onde, tu, eu e muitos outros participámos: são os concertos... (olh'ó Manel com chapéu de palha!...) as patuscadas com vinho da missa e com as aparas das hóstias... o cacau feito no quarto... a Galena para ouvir os relatos etc. etc.
Não tenho o teu E-mail, nem facebook. Mas tenho esperança que esta mensagem chegue a ti.
Quando passares a Vila Velha de Ródão, bata à porta, mas é bom avisares, porque eu ando muito por fora.
Um abração deste teu amigo que torno extensivo a tua esposa.
Boas Festas de Natal e Feliz Ano Novo.
Escarameia, pe
Ps: Junto duas fotos dos nossos tempos passados: Foto 1, Ribeira da Ocresa - 5º Ano; Foto 2, Vale de Cavalos - 1º Ano Teologia. Vê que onde eu estou, tu lá estás também.
AS ANIMADAS CONVERSAS DA ANIMUS à esquina com joaquim silvério
Mandara-lhe, por estes dias, um sms carregado de indisfarçável nostalgia e outro tanto de uma inconfessada incapacidade a rondar a desistência por proclamadas causas. Hoje, ao rondar-lhe a esquina do escritório, estive para insistir em idêntico guião. Falou mais forte uma velha campaínha que tilintou sempre bem-vindas preocupações: e se o meu querdo amigo Joaquim está doente e eu de nada sei? Em menos de cinco minutos estávamos a tricotar intrigas e outros tantos devaneios ali para as bandas da minha querida Avª Cinco de Outubro que, por estes enregelados dias, já lá vão 44 anos, me recebeu no minúsculo quartinho do 6º andar do nº 61, deixado que fora o bem bom do quentinho hábito capuchinho na Invicta de Belmiro Azevedo, nosso vizinho paredes meias. Adiante. Foi quase na despedida que saquei do velhinho NokiaE72 ( por onde passaram ilustres personagens, de Soares a Balsemão, de Marcelo a Rui Rio, para não falar de Maria João Avillez, Maria de Belém e mais de setenta personalidades a cuja exaustiva nomeação vos poupo) e, desculpa lá Quim, temos mesmo de falar para o pessoal.
Um vício.Porque encontrarmo-nos, se não é um ofício,também não pode converter-se num qualquer anunciado solstício. E pronto, o Joaquim está vivo e recomenda-se.Não temos culpa de termos andado por Alcains mas, sobretudo, tenho muito gosto de me reencontrar com o lourinho, que também foi, e que me ajudou a atenuar os meus, então, solitários e loiros caracolins.(Uau!!). 2 Posteriormente, na mesa da edição final, deu-me para evocar os Encontros da Buraca à espera de que Linda-a-Pastora convoque a malta a vir por aí fora. Em 30 de Janeiro de 2016. abraços.