Visitei o P. Horácio
Neste sábado, dia 16, a pedido do Filipe neste blogue, fui à 5 de Outubro, n.º 18, encontrar-me com o P. Horácio, meu antigo professor, um pouco também pressionado pelo Abílio Martins ( «vai visitá-lo, vai, mas prepara-te para um choque…»).
Confesso desconhecer pormenores sobre a doença de Alzheimer, que neste momento retira ao nosso amigo toda a memória do seu passado. Mas é um choque muito grande ver um homem destes enroscado sobre a cama, muito bem vestido e limpinho, a olhar para mim completamente alheado da nossa história em comum.
Por que é que venho para aqui com esta conversa?
Visitar um doente é uma acção evangélica, sei-o muito bem.
Estar com um amigo doente é um momento especial para saltar da doença para toda a nossa história passada, levar notícias dos amigos ou em silêncio partilhar momentos menos bons…
Mas, neste caso, ouvir repetidamente o P. Horácio dizer “a minha cabeça varreu-se e não me lembro das coisas…” é ficar um pouco desolado.
Ao menos ainda tem a consciência do vazio do seu presente, o que mostra que não está ainda numa fase terminal.
Isso animou-me a gastar meia hora com ele a lembrar-lhe o muito de bem que me fez (meu professor de Matemática, de Música, impulsionador do gosto pela literatura…), a falar-lhe dos vários locais e obras que ele frequentou e onde deixou marcas humanas maravilhosas. Entretanto, sentados um ao lado do outro, a cada história que contava ele reagia com frases que me comoviam: «gosto tanto de o ouvir falar… o Sr. diz coisas tão bonitas!».
Meus amigos, escrevo estas linhas apenas para vos dizer que vale a pena visitar o P. Horácio.
Estimular a sua memória pode ajudar, mas ocupar o tempo deste amigo (que ocupa o seu tempo com nada) é pelo menos um exercício humano valioso.
Ele gosta de nos ouvir falar…
António Henriques
NR
Não me canso de repetir, António, só por ti, por pessoas como tu, que compreendem em toda a linha a função da animus, ela não pode terminar.
És um mdelo de virtude para todos nós, a todos os títulos.
Muito obrigado.
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Creio que, afortunadamente, o Pe Horácio, pelo simples facto de ainda conseguir dar nota do que se passa com a "sua cabeça" - creio que já estava assim quando o visitámos com o Abílio, Mendeiros e outros, bem como na festa de aniversário que lhe proporcionámos - creio, dizia, que só por esse simples facto qualquer visita que se lhe faça é mesmo um suplemento de alma, de ânimo que lhe proporcionamos.
Obrigado, outra vez.
antónio colaço
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