Segunda-feira, 28 de Julho de 2014
UMA NOVA LISBOA um texto de António Henriques com recado para o editor no final

 

UMA NOVA LISBOA

Desculpem lá vocês se acham que estou a intrometer-me demais, mas eu já estava farto de ler aquele título que falava das bênçãos da Universidade Sénior do Seixal. Por isso, aqui meto outro título, todo ele extravagante para alguns, mas para mim não. Reflecte o meu sentir destes últimos dias, que tiveram o condão de me levar a passear por lugares novos que não frequentava há muito.

Sim, quem tem visitas do estrangeiro em casa, por impulso pessoal leva-as a visitar as coisas belas que temos por cá, neste Portugal pequenino mas muito interessante que está à nossa mão. E damos por nós a descobrir recantos novos, que até aos naturais passam despercebidos ou mesmo desconhecidos.

Num sábado à tardinha, avancem para a parte ribeirinha de Lisboa, ali entre Cais do Sodré e a Praça do Comércio, um espaço novo e diferente inaugurado há pouco tempo, e vejam a quantidade de gente que por ali se diverte, ao sol, “atirando os olhos ao mar”, descansando o olhar neste nosso Tejo onde apetece molhar os pés. E podem sentar-se à vontade, que há muito lugar para nos sentarmos. E até temos longos espaços relvados onde os pais brincam com os filhos… Sim, desta vez, temos a sensação de que nos querem ali, de que ninguém nos expulsa, de que aquele espaço foi feito para estarmos junto de muitos convivas.

Nós fomos até ao Terreiro do Paço, sentindo também aquele clamor da história que por ali se ouve: ainda se podem imaginar as fainas nos estaleiros navais, as caravelas na Ribeira das Naus, num rodopio de mercadorias a ir e vir sob o olhar atento de D. Manuel no Paço da Ribeira, ele que se tornou rei comerciante.

Apreciámos o Cais das Colunas, onde muita gente se deleita, podendo mesmo sujar os pés num pequeno areal ali postado. Num instante, que sensação estranha: fala-se português, espanhol, inglês, eu sei lá… Há muito anos atrás, também num sábado à tarde, tive a triste sensação de uma Lisboa abandonada onde tínhamos receio de sermos assaltados naquelas ruas da Baixa quase deserta, com restaurantes fechados, sem ninguém… Agora é outro sentir!

E depois vão visitar a “nova” Praça da Ribeira, se lá couberem, com mil petiscos variados, que se vendem em restaurantes com “chef”, com filas e filas de interessados nestes comeres gourmet de novos gostos e novos visuais gastronómicos em que me sinto ainda estranho. Se não tiverem lugar, terão de fazer como eu: dar mais uns passos e matar a fome noutros locais mais tradicionais, sempre poucos para tanta gente. E depois, se às 11 da noite voltarem à Praça da Ribeira, ainda vão encontrar aquelas mesas corridas a todo o comprimento do espaço repletas de convivas, numa animação deveras invejável.

Esta é a nova Lisboa que descobri agora…

António Henriques

 

P.S.

Meu caro Colaço, aprecio os teus comentários, mas às vezes parece-me que estás a exigir demais destas pobres criaturas que, muitos deles, não andam à vontade pelas novas tecnologias. E acontece também que, a meu ver, estás a sonhar demasiado alto acerca deste grupo dos antigos alunos que, nas palavras ajuizadas do Manuel Pires Antunes, é um grupo que apenas prima por «os nossos encontros serem sempre de amizade». Na nossa idade, começamos a ver menos e a vista já não alcança longos trajectos. Contentamo-nos com sentirmo-nos amigos, mesmo que haja silêncios…

Mas que os silêncios sejam farpas a ferir, não estou de acordo…

É melhor que sejam como a noite, naturais, que de manhã nos encontra amigos como éramos na véspera.

Na semana passada, visitando o Manuel Luís no Hospital do Mar, senti mesmo esta amizade que fecha portas por uns meses e depois volta ao mesmo: «gostei tanto destes momentos»!

 

PS2 - Até o cacilheiro da Joana Vasconcelos enfeita o local... (numa foto)

 

NR

Os teus silêncios, António, nunca ferem.

Nem os meus, acredita.

Queiras ou não, a dor do meu silêncio, outrora aqui qwertada ( nunca farpas para ferir ) despertou a força criativa no teu silêncio concentrada.
Chama-se a isto sonhar, simplesmente. Nem alto, nem baixo.
Grande abraço.

antónio colaço

 

 



publicado por animo às 00:51
link do post | comentar | favorito

pesquisar
 
Junho 2016
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

12
14
16
17
18

19
20
21
22
23

26
28
29


posts recentes

ANIMUS DE LUGAR DE ENCONT...

ESTÁ TUDO DITO

ANIMUS O FIM há sete anos...

VEM AÍ A "ANIMUS SEMPER" ...

ANIMUS SEMPER escreve ant...

comasalpcb@gmail.com O E...

O RESPEITO NÃO SE DECRETA...

DAS ELIMINAÇÕES A CAMINHO...

ESTE BLOG TERMINA NO FINA...

NUNCA ACEITAREI REGRAS SA...

arquivos

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

links
subscrever feeds